O presidente da Câmara de Montalegre observou a investigação arqueológica no lugar de Vegide, em Tourém, um recinto fortificado inédito, com cerca de três hectares de superfície, localizado entre a aldeia barrosã de Tourém e a localidade galega de Calvos de Randín. Orlando Alves teve a companhia do colega autarca espanhol, Aquilino Valencia, para ver e ouvir que o achado desagua na possibilidade de se tratar de um acampamento militar romano. A confirmar-se, estamos perante uma notícia de impacto em toda a Península Ibérica, garante João Fonte, o arqueólogo que lidera este projeto financiado pela Comissão Europeia, Município de Montalegre, Junta de Freguesia de Tourém, Ecomuseu do Barroso e o Concello de Calvos de Randín.
A intervenção arqueológica procura validar a hipótese de que este sítio se possa tratar de um acampamento militar romano. Se assim for, este sítio arqueológico teria grande valor histórico para conhecer os processos de conquista e assimilação deste território por parte de Roma. O projeto é financiado pela Comissão Europeia através do projeto Finisterrae, liderado pelo arqueólogo da Universidade de Exeter, João Fonte, e conta com o apoio financeiro e logístico do Município de Montalegre, da Junta de Freguesia de Tourém, do Ecomuseu de Barroso e do Concello de Calvos de Randín.
Domínio sobre o vale
O lugar de Vegide – inserido no Alto da Raia – foi identificado através do processamento e análise dos dados LiDAR fornecidos pelo Instituto Geográfico Nacional (IGN) através do Plano Nacional de Ortofotografia Aérea que, na última década, permitiu a deteção de inúmeros sítios arqueológicos. Estes dados permitiram a localização de um recinto fortificado de aproximadamente três hectares de tamanho que domina o vale do rio Salas. É possível identificar em campo um talude de terra que se conserva em três das faces do recinto defensivo. Além disso, pode haver um fosso externo que complementaria essa defesa do lado de fora. A morfologia, a dimensão e a disposição do recinto permitem sustentar a hipótese de que se trate de um acampamento militar romano. A intervenção arqueológica, realizada em colaboração com a empresa Era-Arqueologia, procura validar esta hipótese.
Projeto em escala
A intervenção neste lugar faz parte do projeto Finisterrae, financiado pela Comissão Europeia através de uma bolsa Marie Skłodowska-Curie (grant agreement 794048). Este ambicioso projeto de investigação arqueológica pretende investigar o impacto da primeira romanização no vasto território situado entre o sul da Galiza e o norte de Portugal. Neste contexto, já foram realizadas duas intervenções arqueológicas anteriores em 2020 nos acampamentos militares romanos do Alto da Pedrada (Soajo, Arcos de Valdevez) e Lomba do Mouro (Castro Laboreiro, Melgaço e Verea, Ourense), todos localizados dentro da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.
Romanarmy.eu
Romanarmy.eu é um coletivo científico que investiga a presença militar romana no Noroeste da Península Ibérica, sendo conformado por investigadores de distintas universidades e centros de investigação europeus, diferentes disciplinas e especialistas em várias épocas históricas. As suas publicações, membros e atividades podem ser consultadas em romanarmy.eu.