Momento da assinatura do protocolo
Montalegre e Tarrafal passam a estar geminados depois da assinatura do protocolo que aconteceu nas instalações da autarquia barrosã. Os dois municípios acreditam que o “casamento” irá perdurar por largo tempo. Orlando Alves, em nome do concelho de Montalegre, e José Pedro Soares, líder do município do Tarrafal (Cabo Verde) selaram «um dia histórico», assim defendido por ambos. O grande pretexto deste acordo está centrado na figura de Bento Gonçalves, barrosão nascido na aldeia de Fiães do Rio, morto no campo de concentração cabo-verdiano e 1.º Secretário-Geral do Partido Comunista.
Montalegre e Tarrafal – município erguido na ilha de Santiago, Cabo Verde – passam a ficar geminados. O protocolo foi assinado no salão dos Paços do Concelho numa cerimónia solene que contou, entre outras individualidades, com a presença dos dois autarcas: Orlando Alves, em representação de Montalegre, e José Pedro Nunes Soares, em nome do município cabo-verdiano.
Orlando Alves, presidente do Município de Montalegre, justificou este “casamento” na figura «excelsa» de Bento Gonçalves, um filho da terra cujo nome está eternamente associado ao Partido Comunista Português (PCP) dado ter sido o primeiro Secretário-Geral. Os valores da liberdade e da democracia são invocados num homem que, recorde-se, em 1936 integrou a primeira leva de deportados que inaugurou o sinistro campo de concentração do Tarrafal, local onde viria a morrer depois de ter vivido anos a fio em condições infra-humanas. O autarca sublinha que esta geminação «pretende manter viva a chama dos ideais da democracia, assim como reforçar os laços de amizade para com um povo que foi colonizado por Portugal e a quem Portugal deixou em condições de vida difíceis e sem meios para estruturar o futuro que a independência colocou nas suas mãos».
Visitas ao Ecomuseu e Castelo
Finda a cerimónia protocolar, a comitiva rumou à zona histórica da vila de Montalegre onde pode contemplar o impacto do património cultural do concelho. O presidente do município do Tarrafal ficou muito agradado com a beleza do Ecomuseu de Barroso e do castelo de Montalegre. Neste particular, referiu que o antigo campo de concentração do Tarrafal – onde tombou Bento Gonçalves – vai avançar para uma candidatura a Património da Humanidade. José Pedro Soares avaliou com «nota máxima» o trabalho profícuo que está a ser feito em Montalegre, um «exemplo» que serve de inspiração para a musealização que será operada, para breve, no concelho cabo-verdiano.
Perpetuar a figura de Bento Gonçalves
«Este protocolo tem um sabor especial. Vai perpetuar a figura de Bento Gonçalves. Vai enaltecer todos os que lutaram pela liberdade, lembrando todos os que passaram pelo campo de concentração do Tarrafal. É especial por ter sido celebrado em Montalegre. Temos territórios com muitas semelhanças. Refiro-me às montanhas, às atividades económicas, no caso da agricultura e da pecuária. O vosso Ecomuseu apresenta um grande património. Vamos iniciar as obras de musealização do Campo do Tarrafal e considero que Montalegre pode ser um grande contributo. Vamos estreitar o relacionamento entre estes dois povos. Queremos que as próximas gerações possam beneficiar deste protocolo. Ao contrário de Montalegre, temos 18.217 habitantes, com muita juventude, ávida de conhecimento. Visitei alguns locais e admirei a vastidão do território. No Tarrafal temos apenas 112 quilómetros quadrados em contraponto com Montalegre com mais de 800. Diria que têm uma vasta dimensão. É muita terra. É um Mundo. O calor humano disfarça o frio desta região. Espero que as gentes de Montalegre possam visitar o meu município brevemente», disse José Pedro Soares Presidente da Câmara do Tarrafal.